DANIEL CASRIEL, 50 ANOS À FRENTE DO SEU TEMPO (parte 3)
A terapia Bonding é inspirada na ciência: Casriel procurou fundamentá-la através da observação da população de Okinava.
Konny Stauss ancorou-a nas teorias da vinculação da criança e do adulto, e procurou relacionar os seus efeitos através de vários testes validados cientificamente, como testes de psicopatologia, de alexitimia, e de vinculação no adulto.
Perceber o lugar da espiritualidade
Perdoar ou não perdoar a quem nos tem ofendido deve ser um problema dos nossos pacientes e não dos terapeutas. Igualmente o bonding, em meu entender, não deve envolver-se muito com questões de espiritualidade, mas deixá-las para conforme cada um as concebe, aos utentes desta psicoterapia. O psicoterapeuta deve compreender a espiritualidade de cada doente e eventualmente falar de sua.
O bonding é, fundamentalmente, uma teoria científica e humana não devendo envolver-se em questões que extrapolam dessa teoria.
O trabalho dos investigadores nos últimos 50 anos
Outros investigadores, também inspirados por Stauss, procuram encontrar correlatos físicos para a sua eficácia, como a medição da Ocitocina e atualmente do Cortisol, em utentes desta terapia, antes e depois de workshops terapêuticos.
Outros autores fundamentaram e desenvolveram as bases teóricas e clínicas desta psicoterapia (George Rynick, Godehard Stadtmuller, Domingos Neto).
Outros, como Reinard Mumm, estudaram a sua aplicação em famílias e crianças.
Outros ainda, como Gigetto de Bortoli, expandem-na para aconselhamento e programas de empresas.
Outros ainda como Martien Kooymann procuram espalhá-la pelos quatro cantos do mundo.
O extraordinário clínico e organizador que foi Johan Maertens criou as bases práticas para as organizações europeias e internacionais que têm defendido e mantido esta psicoterapia.
O extraordinário clínico que é Carlo Kreiner mostrou, com Johan Maertens e Magda Baukeland, como é possível tratar grupos psicoterapêuticos em ambulatório, com frequência regular, consultas individuais concomitantes, em terapias continuadas durante meses ou anos.
No meu caso faço grupos ambulatórios trimensais, acompanhados por consultas individuais concomitantes, onde o tratamento pode demorar meses ou, em psicoterapias mais extensivas e complexas, muito poucos anos.
A teoria subjacente à psicoterapia bonding aspira a ter o mínimo de ideologia, a ser aberta à invenção e nova criação, e os seus conceitos base são simples e sólidos.
Depois deste teste de 50 anos de resistência e evolução, esta psicoterapia está em condições de se desenvolver, promovendo discussão interna e validação externa.
Este 21º Congresso, espaço para discussão, validação desta psicoterapia e das suas organizações internacionais, exprime isso mesmo, bem como sua capacidade de se desenvolver e de crescer.
"Bonding Psychotherapy: 50 years of history and a look to the future" é o tema da 21ª Conferência Internacional de Psicoterapia Bonding.